terça-feira, 23 de agosto de 2011

Balanço de Paredes de Coura 2011

O Paredes de Coura 2011, quanto a mim, vai ficar na história pela prestação da dupla noruguesa Kings Of Convenience. De facto, em vésperas da vigésima edição deste festival - que promete ser histórica, segundo a organização - "a banda mais pequena em palco", segundo palavras de Erlend Oye, ofereceu tudo o que tinha, e tanto que foi! Foi a humildade, a seriedade, a simplicidade, o reconhecimento, e claro a música. O seu folk/bossa nova/acústico fez a noite de dia 19 de Agosto de 2011 entrar para a história. Tanto assim foi, que a organização (primorosa, por sinal) permitiu um encore de duas música, uma delas a versão de 'Corcovado' de Tom Jobim.


Os dois noruegueses desfilaram os seus principais temas, convidando mais tarde dois personagens, leia-se músicos, - um italiano e um alemão, a UE em palco, "ahh, mas a Noruega só entra quando se passar alguma coisa interessante" - para se juntarem ao banquete. A passagem dos KOC junto ao Taboão também ficará marcada na memória do festival, seja pela amena cavaqueira com algum público, seja no barquinho a tocar Bob Dylan, seja a receber massagens de uma fã...
Eles querem voltar, pois que voltem. Paredes de Coura, "o local mais próximo do paraíso em que já estiveram", mereçe-os!


O PDC11 também ficou marcado pela presença dos Pulp, banda iconográfica dos idos 90 do século passado, regressados após uma década de interregno. O seu líder (será?) Jarvis Cocker, apresentou-se em grande forma, apesar da garganta o trair uma vez ou outra. Passaram pelos grandes sucessos, sempre guiados pela prestação desengonçada, sexual e lasciva de Jarvis, que até se deu ao luxo de partilhar uma cerveja com o público. Do you remember the first time, disco 2000, this is hardcore  não faltaram no alinhamento e, a cereja no topo do bolo, common people encerrou a prestação. Será que o destino - uma treta para Jarvis - os voltará a trazer a Paredes de Coura? Esperamos que sim.


O sírio Omar Souleyman, com honras de apresentação pela organização, presenteou o público com o seu "tecno-árabe" - etiqueta criada pelo media oficial do festival. Apenas acompanhado por um teclista/sintetizador, deixou o público em alvoroço com os seus ritmos exóticos misturados com as músicas tradicionais cantadas em curdo e arábe.


O duo canadiano Crystal Castles teve uma prestação em piloto automático, sem arriscar demasiado, o que foi suficiente para recolherem nota alta, pois o público sabia ao que ia e queria era ouvir os êxitos todos de enfiada. Assim foi, crimewave, logo a abrir, celestica, mais tarde e not in love, sem Robert Smith, levaram o plateia ao rubro - leia-se gritos, assobios, danças, braços no ar e saltos.


Twin Shadow foi uma das desilusões do festival, talvez marcados pelos problemas técnicos que os levaram a fazer novo check-sound antes da actuação, e consequente atraso do concerto, ainda assim pareceram nunca se refazer totalmente do percalço. A rever futuramente, pois a prestação no Alto Minho foi apenas satisfatória.


Destaque muito positivo para os portugueses We Trust de André Tentugal com uma excelente prestação, passando pelo seu êxito time (better not stop) e pela fantástica versão de Swoon dos Chemical Brothers.


Reconheço que não conhecia a discografia de Blonde Redhead, mas após a prestação nas margens do Taboão fiquei com muita vontade de descobrir e fruir, e isto, meus caros, é um grande elogio.

Battles, Delorean e Metronomy, três estilos diferentes, três actuações que me encheram as medidas. Nota muito alta e excelentes prestações. Quiçá, no dia 19, o alinhamento devesse ter uma troca entre os Battles e os Metronomy, já que a prestação dos primeiros - mais musculada, mais electrónica - ficaria melhor no palco after hours, do que a disco dos Metronomy.



Relevar ainda a actuação de Linda Martini, que mereciam melhor horário; Two Door Cinema Club, muito bons ao vivo, com direito a música nova e tudo; Mogwai, banda sonora ideal para o ídilico anfiteatro natural  onde tocaram; Esben & the Witch com uma excelente prestação; Death From Above 1979, pelo regresso e pelo musculado punk-rock que emprestaram; e Marina & the Diamonds ave rara da pop comercial.


A finalizar, nota muito positiva para a organização e para os seguranças que estiveram em grande plano.
Destaque negativo para as vespas que infestaram o recinto e o campismo, mas compreende-se: os insectos também têm direito a assistir a excelentes concertos!
P'ró ano há mais!

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