terça-feira, 25 de março de 2008

PORTISHEAD


Bristol, Inglaterra, é a terra natal do Trip-Hop, estilo musical marcado por sons distantes, sob uma batida hipnotizante e vocais melancólicos. Portishead é o nome de uma cidade da Costa Ocidental de Bristol, onde Geoff Barrow, o fundador da banda que leva o mesmo nome da cidade, cresceu. Geoff nunca gostou muito da vida exageradamente calma que levava em Portishead, e ainda muito jovem deixou a cidade para ir trabalhar num estúdio de gravação no coração de Bristol. Ele tinha apenas 17 anos, e nos intervalos dentro do estúdio gostava de experimentar misturas de samples nos gravadores, enquanto sonhava um dia ter a sua própria banda, com a qual faria uma música diferente de tudo o que passava por ali. Ele era muito esforçado, e levava seus momentos de DJ dentro do estúdio muito a sério.

Quando achou que estava bom naquilo que pretendia fazer, Geoff começou a procurar uma vocalista para sua "banda". Foi numa agência de empregos em Bristol que ele conheceu Beth Gibbons, a voz do Portishead. Ela já tinha trabalhado numa banda cover e fazia apresentações em pubs. Geoff e Beth deram-se muito bem, pois compartilhavam os mesmos gostos e ideais musicais. Não demoraram a compor a sua primeira música juntos, e pouco depois uniram-se ao guitarrista de jazz Adrian Utley.

O talento do trio era inegável, o que ajudou bastante na abertura de portas para apresentações e um pouco mais tarde para um contrato com a editora inglesa "Go! Discs", em 1993.

A partir da colaboração do engenheiro de som e percursionista Dave McDonald, em 1994 saía o primeiro disco do Portishead, o elogiadíssimo "Dummy". Puxado pelo single "Sour Times (Nobody Loves Me)", "Dummy" ganhou em 1995 o concorrido "Mercury Music Prize", o mais importante da música inglesa, destronando gente como Oasis, PJ Harvey e Tricky (o principal expoente do Trip-Hop até então), além de ter sido um grande sucesso radiofônico e comercial no mundo inteiro.

O Portishead tinha tudo para ser uma das melhores e mais produtivas bandas da década passada. Sem dúvidas foram uma das melhores, mas não das mais produtivas. O segundo trabalho, o auto-intitulado "Portishead", saiu em 1997, depois de a banda ter trabalhado nele dois anos. "Portishead", curiosamente, era visto como o único disco de 1997 com potencial para tomar o posto de melhor disco do ano (ou da década) de "OK Computer", do Radiohead. Embora seja um disco cheio de qualidades, ele não alcançou essa proeza. Mas conseguiu superar "Dummy". "Portishead" é um álbum de crescimento musical para a banda, que deu mais espaço aos vocais de Beth Gibbons e ousou experimentar nos processos de mixagem, alcançando óptimos resultados nas duas empreitadas. As composições também aparecem mais elaboradas e a banda mais auto-confiante.

O próximo disco lançado pelos Portishead foi o concerto no legendário "Roseland", em Nova Iorque. O disco, "PNYC - Portishead New York Concert", traz onze faixas básicas, os maiores sucessos da banda, em interpretações impecáveis. Embora perca muito do clima proposto pelo "trip-hop", aquela coisa etérea e distante, o CD tem compensações. A voz de Beth Gibbons,por exemplo, ao vivo é um prodígio, como se verifica nas faixas "Humming", "Mysterons", "Glory Box", entre outras.

Os sortudos que tiveram o prazer de os ver no Sudoeste de 1998 ficaram hipnotizados e muitos que conheceram então a banda ainda hoje continuam fãs. Brilharam curiosamente num dia em que havia PJ Harvey e Placebo no alinhamento!

Uma das características mais marcantes da música do Portishead é o chamado "Elemento surpresa". Nunca se sabe como é que a música deles vai evoluir. Quando menos se espera, eles mudam completamente o caminho natural que a composição estava a seguir, para algo melhor, realmente surpreendente. E ficamos ali, viajando, quase não-acreditando no que estamos a ouvir. E não é só Trip Hop, é algo mais... É o que diferencia uma grande banda de uma banda de tendências. Os Portishead surgiram do Trip-Hop, mas ficaram maiores do que ele.

O novo e aguardado trabalho chega a 14 de Abril, chama-se "Third", conta com 11 músicas no alinhamento, a primeira das quais tem vocais em português (!) do Brasil neste caso e fala segundo Geoff Barrow da ideia de partilha dos três músicos com as pessoas. O single de apresentação dá pelo nome de "Machine Gun"e já se encontra disponível, tem uma mensagem politizada algumas características mais electrónicas. Irá rodar com certeza em próximas edições de Terminal.

Entretanto há concertos agendados para os dias 26 e 27 de Março (amanhã e depois), nos Coliseus do Porto e Lisboa, respectivamente. Os bilhetes já esgotaram há muito!
O grupo regressa a palcos nacionais, depois da actuação no Festival Sudoeste de 199.

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